O uso cada vez mais frequente do cigarro eletrônico, principalmente entre os jovens – que curiosamente não se intitulam fumantes –, é motivo de preocupação tanto para os pais quanto para os órgãos de saúde. Afinal, esses dispositivos (também chamados de “vapes”) levam nicotina e substâncias tóxicas aos pulmões, além de promover danos e complicações ao sistema respiratório e cardiovascular.
Outro fator muito sério quanto ao risco do uso do cigarro eletrônico é que esse se tornou um dispositivo de fácil acesso aos adolescentes, que ainda estão com o sistema nervoso em desenvolvimento. Assim, a nicotina e as substâncias ali presentes têm potencial de desencadear anormalidades no desenvolvimento cerebral.
O cigarro eletrônico não é eficiente para quem deseja parar de fumar
Um dos argumentos comerciais para impulsionar as vendas do cigarro eletrônico é que seria um recurso para aqueles que desejam parar de fumar, mas que têm dificuldades de interromper o vício abruptamente. Porém, não é o que se tem notado na prática, pois alguns dos aditivos aromatizantes contém pirazina, uma substância que reduz os efeitos irritativos desagradáveis da tragada, dificultando ainda mais a cessação do tabagismo.
Além disso, os vapes são considerados uma “porta de entrada” para o vício do tabagismo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o uso desse dispositivo aumenta em três a quatro vezes a probabilidade de experimentar e usar o cigarro convencional. Ou seja, a realidade é justamente o oposto do que foi proposto.
Riscos do uso de cigarro eletrônico
O sabor adocicado do cigarro eletrônico engana muitas pessoas, que chegam a pensar que se trata de um hábito menos danoso do que o cigarro convencional. Mas, isso não é verdade! Aqueles que usam vapes estão mais predispostos a desenvolver diversos tipos de câncer (principalmente de pulmão, esôfago, estômago e bexiga), doenças pulmonares como o enfisema e doenças cardiovasculares.
Além disso, por suas partículas serem mais finas do que os cigarros manufaturados, elas podem alcançar estruturas mais profundas dos pulmões, como os alvéolos, e cair na circulação sistêmica, aumentando assim o risco de doenças cardiovasculares e óbito.
Já o uso do cigarro eletrônico por muitos anos predispõe o paciente a desenvolver enfisema pulmonar, uma doença degenerativa crônica que causa dificuldade respiratória e uma sensação de falta de ar que vai se tornando constante conforme a doença progride.
Sintomas e tratamentos
Devido a tantas consequências negativas que o cigarro eletrônico pode causar ao usuário, em 2019 foi dado um nome para a doença causada por esse hábito: Evali (Doença Pulmonar Associada ao Uso de Produtos de Cigarro eletrônico ou Vaping). Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumonia e Tisiologia (SBPT), a Evali pode causar fibrose pulmonar, pneumonia e insuficiência respiratória.
Nos EUA, de 2019 a 2020, houve registro de 2.741 pacientes hospitalizados por Evali, com 68 mortes confirmadas. O tempo médio de uso do vape nesses pacientes foi de 12 meses e a faixa etária média era de 24 anos. Portanto, é fundamental ficar atento aos sintomas respiratórios que o cigarro eletrônico pode causar e que podem indicar doenças graves, como Evali e o enfisema pulmonar, tais como:
- Falta de ar ou sensação de não estar inalando ar suficiente;
- Tosse;
- Produção de muco;
- Respiração ofegante.
O tratamento mais importante para o enfisema, para o Evali e outras condições associadas ao cigarro eletrônico é parar de fumar, independente do grau de avanço da doença. Na sequência, o pneumologista definirá o melhor tipo de tratamento para cada caso, que pode incluir o uso de broncodilatadores inalatórios (bombinhas), corticoides, terapia com oxigênio, cirurgia de redução dos pulmões ou até mesmo transplante pulmonar.
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